sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Ponte da discórdia


Nunca imaginei que o mapa de Vouzela e em particular o seu ex-libris - a ponte ferroviária - desse azo a tanta polémica e acusações exacerbadas.

Em virtude da parte superior da ponte não ser usada em competição, entendi considerar o tabuleiro apenas como cobertura superior, permitindo assim representar com rigor e detalhe o que considerei mais importante: os pilares e os vãos (ou seja, onde se passa ou não).

Esta foi uma opção minha que foi questionada pela organização, tendo-a eu defendido por considerar que fornece a melhor representação ao nível do solo, onde decorreu de facto a prova.

Reconheço que fruto dum vicio de raciocínio acabei por errar ao usar a linha ponteada nos bordos da ponte, em vez do limite de cobertura superior (linha preta fina).

Para efeitos de discussão questiono o que fazer se quisermos usar apenas a zona de jardins, fazendo o corte do mapa dessa área apenas. Nesse caso iria aparecer parte da ponte, sem nenhum dos acessos.
Continua a ser uma ponte, se apenas permite passar por baixo?
Deve-se representar o tabuleiro a castanho, se só é acessível com asas?
E se não é uma ponte o que é então?
Será assim um salto tão grande, ilógico e recriminável considerar que se o tabuleiro duma ponte não é utilizável, esta passa só a ser uma cobertura superior?

Existem na parte norte do mapa mais duas pontes, em que também optei por não colocar o ponteado de túnel, porque passam por cima duma estrada "fora de competição" e também porque isso iria complicar a leitura do mapa.  Uma das pontes é pedonal com 1,5mt, pelo que marcar a passagem inferior seria apenas "bloquear" a ponte.

Claro que haverá opiniões distintas sobre esta questão, mas penso ser legitimo afirmar que a minha decisão é defensável e não resulta de trabalho de sofá ou mesmo de preguiça de desenhar, até porque comecei por desenhar a ponte "normal" e só depois resolvi reformular o desenho.

Abaixo junto imagem da ponte, primeiro como está no mapa, depois como resulta duma leitura purista do ISSOM e por fim com a correcção dos bordos que referi acima.

Deixo ao vosso critério decidirem qual é a mais útil para navegar.

8 comentários:

  1. Boa noite!

    Creio que este género de discussões só faz bem à modalidade, pois é assim que se evolui!

    Acerca da ponte:
    - Podíamos querer por um ponto em cima da mesma!;
    - Mesmo a utilizar apenas o parque, na minha opinião devíamos usar a ponte pelas regras correctas;
    - Neste caso o tabuleiro da ponte não é usado, mas um mapa não é propriamente barato e não se fazem mapas para deitar fora depois de usados uma vez. Quero com isto dizer que a cartografia tem de estar bem em todo o mapa, não só onde se pensa que vai ser usado, pois no futuro outras zonas do mapa podem ser usadas... Não cabe ao cartógrafo saber o que é área de competição, mas sim cartografar tudo segundo as normas;


    CONTINUA...

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  2. Peço desculpa pela crítica ser tão directa, mas vou enunciar alguns erros dos seus mapas urbanos de Vouzela e do CNSprint:
    - Falta do uso de muros transponíveis, 519.1 Passable wall. Nem na palete do mapa de Vouzela entrava este símbolo;
    - Uso, repetidamente, do 529,1 Step or edge of paved area (0,14mm) erradamente. Este símbolo é usado por si quer em muros/cercas trasp. como intransp., quando não deve ser usado para nenhum dos dois casos. Para marcar um degrau/lancil usa-se o 529,1 Step or edge of paved area (0,7mm); sendo o 519.1 Passable wall e 521.1 IMPASSABLE WALL (PROIBIDO PASSAR) para muros trasp. e intransp., respectivamente. Pelo facto de usar tanta vez o 529,1 Step or edge of paved area, eu na brincadeira até me refiro ao mesmo como "Podes saltar, mas pode ser que te aleijes!...". Este símbolo apenas é usado fora das zonas urbanas, para ser mais perceptível, ou em redor de zonas privadas. “A clarification has been made for symbol (529.1): Steps shall always be represented with a 0.07 mm line. ... The thickness of edge of paved areas shall be enlarged to 0.14 mm in non-urban areas to improve legibility”
    No mapa de Vouzela as situações piores em termos do uso do 529,1 Step or edge of paved area (0,14mm) foram no acesso ao parque pelo "Zig-Zag" e na entrada para um edifício mas a Este do parque.
    - A ponte de entrada na quarentena do CNSprint estava mal marcada. Mais uma vez faltavam os "pontinhos" (símbolo FFF, pois dava para passar por baixo ou por cima) e o 512.1 Bridge de ponte não foi utilizado nos lados da mesma. Para mim, quando olho para essa ponte, parece que posso saltar mas pode ser que me aleije (mais uma vez marcada de lado com o 529,1 Step or edge of paved area (0,14mm))...;
    - Uso de arbustos de dois tamanhos, quando o ISSOM apenas refere o 419 Proiminent bush or small tree para arbustos/pequenas árvores. O Luís usa também um com o tamanho aproximado de uma "pinta verde" de pomar, o que não está correcto.

    Na minha opinião o erro mais grave de todos os seus mapas de urbanos é o uso do 529,1 Step or edge of paved area (0,14mm)! Porque não utiliza o 519.1 Passable wall e 521.1 IMPASSABLE WALL (PROIBIDO PASSAR)?! No Sprint o cartografo é quem manda! Podia até assinalar um muro de 0,50m com o 521.1 Impassable wall (proibido passar), e quem o salta-se era desqualificado.

    E desculpe lá, mas não há cá critérios para decidir qual o mais útil para navegar! As regras são para cumprir! A partir do momento em que pode passar por baixo e por cima da ponte, não pode marcada como símbolo de casa e de "canopy", pois estes não dão para passar por cima.
    Há truques para a ponte se perceber. Podia alarga-la mais um pouquinho e ficava 50% mais legível! Assim como o podia ter feito isto no "Zig-zag" de acesso ao parque e na ponte a Norte do mapa.

    O atleta Luís Silva "pastou" na zona do "Zig-zag" por causa do mapa, pois eu ia a segui-lo e foi nítido que ele ficou surpreendido quando viu que o jardim entre o "zig-zag" e a entrada da piscina não dava para subir, quando no mapa dava a sensação do contrário.

    Quando o Nuno Leite me disse que iam utilizar a ponte como a imagem da esquerda nem quis acreditar! A primeira coisa que fiz foi telefonar-lhe a dizer:
    "Ok, podes não querer por a ponte como eu a desenhei (eu também já tinha feito a ponte como na imagem do meio), mas pelo menos tira aqueles pontos nas laterais da ponte, que assim aquilo não faz sentido nenhum!" E, pode não ter reparado, mas a versão utilizada foi a da direita...

    Eu sei que o meu texto não está muito bem estruturado, mas tenho de ir estudar ;D

    Abraço
    Rafael Miguel
    http://orienteering.org/wp-content/uploads/2010/12/International-Specification-for-Sprint-Orienteering-Maps-2007.pdf

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  3. Os mapas urbanos por vezes são um quebra-cabeças para os cartógrafos e o ISSOM não tem soluções para todos os problemas.
    Nestes casos em que há necessidade de desvios à norma é necessário divulgar na informação técnica.

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  4. De facto, depois em discussão com o Lisboa, acabámos por colocar a versão final como na imagem da direita. E penso que essa será a mais adequada ao caso.
    É como o Jorge diz e é daquelas coisas em que ninguém vai ter razão! :)

    Abraços,
    Nuno Leite

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  5. Mas as regras são explicitas neste caso! Se podes passar por cima e por baixo não há dúvidas...

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  6. Creio que a representação da direita também não é a correcta, pois o símbolo de ponte deve ser usado nos vãos e não nos pilares.
    Em relação ao zig-zag que o Rafael refere, tal como o Luís Sérgio deve ter feito, tentei desenha-lo com o símbolo de muro intransponível e fica uma mancha negra. Seria necessário quase o dobro do espaço para representar os 5 muros existentes. Qual a solução para estes casos?
    A utilização do símbolo de muro transponível, por ser muito largo (a sua largura equivale a 1,75 num mapa 1/5000 e representa muros que têm normalmente menos de 0,5m), também apresenta o mesmo problema.
    Já quanto à defesa da aplicação estrita da norma ISSOM, sem a questionar e procurar alternativas, parece-me muito conservadora e limitadora da evolução da cartografia e da modalidade.

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  7. Olá Rafael!
    Peço desculpa por te estar a roubar tempo de estudo, mas garanto-te que eu também tenho coisas bem mais importantes e agradáveis para fazer.
    - Como tu bem dizes esta discussão é importante, mas só é pena que não se tivesse iniciado assim que tiveste acesso ao mapa, pois teríamos seguramente chegado a soluções que evitariam tanto azedume da tua parte;
    - Para que uma discussão seja profícua é importante que ela seja mantida com alguma urbanidade e afirmações sobre mapas "feitos em casa" ou "só cartografar áreas que vão ser usadas" mereciam alguma fundamentação concreta, ou na ausência dela a correspondente retractação;
    - O caso em concreto da ponte foi coordenado com o meu elemento de ligação no OriEstarreja (Nuno Leite), pelo que não se enquadra minimamente no cenário que descreves;
    - É falsa a tua afirmação de que o símbolo 519.1 não está na palete de símbolos do mapa, como decerto terás oportunidade de confirmar;
    - O símbolo de muro transponível 519.1 é a maior aberração do ISSOM, pois tem 0,35mm de largura, ou seja na escala 1:5000 ocupa no mapa quase 2 metros (no terreno tem 30 cm).
    - O símbolo de muro intransponível 521.1 tem 0,4mm, ou seja na escala 1:5000 ocupa no mapa 2 metros, pelo no caso do zig-zag que referes é impossível de ser usado, já que tem 5 paralelos, com uma passagem de 1,5m entre cada um deles. Para que a passagem fique visível tem que ter cerca 0,4mm entre cada linha (+2m). Assim temos 9x2=18metros de mapa ocupado, quando no terreno é metade disso. E não neste caso não é possível exagerar sem deformar completamente o mapa;

    Voltando à questão da ponte, o ISSOM refer: "Multilevel structures such as bridges, canopies, underpasses or underground buildings are common in urban areas. The cartographic representation of more than one level is in general impossible. Hence only the main ‘running’ level should be represented on the map."
    Penso que neste caso não há muitas duvidas de qual é o "main ‘running’ level"!!!

    Vou simular no mapa algumas das soluções que defendes, para avaliares da sua viabilidade e farei um novo post com as respectivas imagens, já que num comentário isso não é possível.

    Luís Sérgio

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